“A lua é o imenso relicário do céu, onde Deus todas as noites delicadamente nina a luz do dia.” (Lu Tostes)

domingo, 23 de outubro de 2011

Sempre-vivas


   
     O livro acolheu
     o jardim que se foi,
     nesta flor de um amarelo seco,
     quase marrom,
     que guarda na  página vinte e três
     o sorriso de Maria detrás da porta.

     Sempre nos soubemos mais nós,
     mas foi-se o perfume
   com o tempo da delicadeza,
     no mesmo instante 
     em que o caule partido
     esvaiu-se em seiva.

     E se do que fomos
     nós já não somos mais,
     resta apenas 
     esse cheiro
     na ponta dos dedos,
     lembrando tudo que jaz.

     Lu Tostes









Imagem: www.weheartit.com

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